Onde está o conhecimento que perdemos na informação?
Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? T.S. Eliot
A gente vai reabrir a Educação Infantil. Algumas escolas já o fizeram ontem, outras o farão nos próximos dias. A autorização está dada. Mas por que abrir as escolas em plena pandemia? Simples. Porque as escolas são essenciais.
Para além do conceito de essencialidade com que se costuma enquadrar alguns serviços em termos legais, muito para além disso! Essa foi uma das revelações da pandemia. As crianças precisam da escola. A escola é um lugar privilegiado de encontro, de desenvolvimento, de construção identitária, de distinção e de reconhecimento do outro. Precisamos sim de escolas abertas! Precisamos das crianças na escola!
No entanto, a escola não é feita só de crianças, nem tão pouco é um ponto isolado na comunidade. Para estar na escola há toda uma estrutura que envolve funcionamentos internos e externos. Estar na escola exige deslocamentos, mobiliza pessoas, altera rotinas. Em tempos de uma crise sanitária grave, como a que estamos vivendo, abrir os portões da escola tornou-se uma ação de grande responsabilidade, e com alcances antes não acoplados ao planejamento escolar.
Exige acolher o professor e a professora, os funcionários da limpeza e as famílias, mapear os riscos em relação a um possível contágio, trabalhar ansiedades e inseguranças, respeitar lutos. Exige pensar nas crianças cujas famílias não vão aderir ao retorno e que terão notícias dos colegas na escola. Exige a leitura e revisão atenta de incontáveis documentos, protocolos atualizados, projetos de sinalização e equipamentos. Exige as decisões mais difíceis que são aquelas que impactam no direito de escolha de outras pessoas. Exige sair do conforto individual e abraçar o desafio do pensamento coletivo. Exige acolher as crianças que retornarão a uma escola cheia de interdições que antes não existiam, com tempos e espaços com demarcações rígidas. Tudo isso tem que ser pensado e incorporado ao planejamento. Aí sim, é o momento de reabrir!
E é o que faremos no dia 10. Cumprida essa tarefa tão minuciosa de assegurar um retorno não só seguro, mas significativo, vamos abrir nossos portões! Com a alegria dos reencontros ansiados, mas com a tranquilidade de um planejamento criterioso, com a certeza da consciência coletiva da necessidade do esforço de cada um, para o bem-estar de todos e todas, estaremos de volta à nossa casa.
Viveremos boas experiências nesses momentos tão preciosos de coletividade! Caberá a cada um de nós que esses portões permaneçam abertos. Sigamos juntos, nos cuidando!
OBS: Permaneceremos atentos às orientações das autoridades, quanto a qualquer mudança em relação ao funcionamento.
Perfeito, Andrea: liberdade individual, respeito e responsabilidade coletivos.