Trabalho de campo: Vila Viva

Dentro da disciplina Cidade e saúde, os professores Pedro Leroy e Christian Bravo estão conduzindo uma pesquisa acerca do impacto da habitação urbana na saúde coletiva.

Um dos pontos estudados ao longo dos últimos meses foram os processos de moradia popular, requalificação de vilas e favelas e o papel da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), uma empresa de economia mista, criada em 1983, responsável pela implementação da Política Municipal de Habitação Popular na cidade de Belo Horizonte. Alvo de muitos estudos, críticas e múltiplos olhares, decidimos então ir a campo e conhecer como de fato se dá o processo de requalificação e urbanização de uma vila.

Visitamos o escritório da Urbel da regional norte no bairro São Bernardo, onde conhecemos um pouco do complexo trabalho da Vila Viva, que envolve desde o mapeamento de requalificação até o por vezes polêmico processo de reassentamento das familias que porventura precisarão ser realocadas.

Visitamos a Vila São Thomáz e a Vila Aeroroporto para entendermos na prática, conversando com moradores, os prós e contras deste processo. Quais os impactos gerados positiva e negativamente neste processo? De uma coleta mais organizada de lixo ao saneamento básico e acesso qualificado à saúde comunitária, da perda de memórias afetivas que passa por uma casa demolida ao valor indenizatório. Não há heróis nem vilões nessa história, assim como todo processo humano, é cheio de contradições e questionamentos.
“Aqui até agora não inundou minha casa, lá era direto. A gente acordava e saia nadando às vezes. Perdia móveis, comida, muito rato, era ruim demais.” relata o senhor José, ex-morador da Vila Aeroporto, atualmente morador de uma das unidades nos predinhos da prefeitura. Sua casa ficava em uma região que sofria com a inundação do córrego Pampulha e foram inúmeras as vezes em que viveu a cena acima descrita. Hoje se sente mais seguro, morando no térreo ao lado de uma pequena horta comunitária que vem cultivando.

Obviamente existem muitos desafios. Na vila por exemplo, moram muitos carroceiros que fazem uso de de tração animal, formando uma paisagem curiosa, onde os novos e recém pintados prédios da prefeitura convivem com estruturas improvisadas de madeira, cavalos, porcos e vacas.

Longe de ser uma unanimidade e com críticas que vão do baixo valor de indenizações, regulação fundiária a longos processos jurídicos em casos de negativa ao reassentamento, o contraditórios faz parte das relações. Entendemos que é no conflito que os processos se qualificam e readequam.

A oportunidade dos alunos e alunos da Casa Viva de por si próprio pensarem a política de urbanização da Urbel e da PBH é uma oportunidade de formação crítica, de autonomia e contato com problemas do mundo real que impactam diariamente a qualidade de vida de tantos a tantas moradoras de vilas e favelas em Belo Horizonte.

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